Projeto Corpo Zona de Invenção integra percepções fisiológicas e corporais a formas de registro em áudio visual, celular ou câmera digital compacta são os instrumentos técnicos. “Tentando transmitir algo que a princípio é intrasmitível, que é a sua experiência pessoal, intransferível em relação ao espaço em que você vive…” Cinthia Mendonça.
Quem se coloca nesse desafio de experimentação é Cinthia Mendonça, com formação em artes cênicas e dança, inspirada por Hélio Oiticica. A artista desenvolve o projeto juntamente com Bruno Viana, no âmbito do Marginalia Lab, que funciona como um laboratório de incentivo e apoio a projetos experimentais relacionados com inovações tecnológicas e estéticas.
Um pouco sobre Hélio Oiticica
Não é inteligível falar sobre o Corpo Zona de Invenção sem nos referirmos a Hélio Oiticica. Ele foi um artista plástico inovador e revolucionário para sua época e possivelmente até para os dias atuais. Seus trabalhos artísticos foram feitos entre as décadas de 1960 e 70. Os penetráveis e parangolés são expressões de sua criação e experimentação descontraída, perecível, intensa. Ele merece uma matéria completa, mas por hora ficam umas indicações de leitura sobre o artista.
FAVARETTO, Celso. A Invenção de Hélio Oiticica. São Paulo: EDUSP, 1992.
CATÁLOGO: Hélio Oiticica. Centro de Arte Hélio Oiticia. Rio de Janeiro; Galerie nationele du Jeu de Paume, Paris.
OITICICA, Hélio Oiticia & CLARCK, Lygia. Cartas: 1964-74. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1898.
OITICICA, Hélio. Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
JUSTINO, José Maria. Seja Marginal, Seja Herói: modernidade e pós-modernidade em Hélio Oiticia. Curitiba: Ed. da UFPR, 1998.. Rio de Janeiro: relume-Dumará, 1996.
SALOMÃO, Wally. Hélio Oiticia: qual é o parangolé
Abstrações
A proposta com a qual Cinthia trabalha pode parecer muito abstrata em um primeiro contato. Ela é orientada pela antiarte, despreocupação para com padrões estéticos e valorização do expoente criativo de cada ser. O rompimento com formatações intelectuais e vivencia de novas experiências são propostas desses artistas, que valorizam a ação e o sujeito criativo.
A posição de espectador passivo, mero consumidor, não faz sentido nesse pensamento artísitco-cotidiano, que foi corajosamente defendido por Oiticica. O público é visto como criador. Nas palavras de Oiticica: , “o objetivo é dar ao público a chance de deixar de ser público espectador, de fora, para participante na atividade criadora“.
Parangolé-olho
Existem várias formas de materializar essas abstrações, a escolhida no Projeto Corpo Zona de Invenção é o parangolé-olho. Filho do samba e da genialidade de Oiticica o paragngolé pode ser entendido como uma experiência artística na qual o corpo é parte da obra e não um mero abrigo. Ele é uma espécie de apropriação da idéia original do Parangolé de Oiticica. Mantém-se o corpo como parte componente da obra e, simultaneamente, abre-se a novidades experiênciais e aos meios alternativos de produção de conteúdo informativo e de entretenimento.
É assim que a arte se preserva dinâmica com novas vozes e desafios. A interligação entre o orgânico e o cibernético é progressiva. A provocação é lançada e cada um experimenta essa sensação intransmitível de que fala Cinthia no início desse texto.
Links interessantes:
http://www.marginaliaproject.com/lab/
Site oficial do projeto Marginalia Lab. O site traz informações sobre os projetos experimentais que desenvolve, eventos, workshops.
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/helio-oiticia/helio-oiticia-1.php
Portal São Francisco. O site traz diversas biografias, dentre elas a de Hélio Oiticica.
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=856
O colunista Jardel Dias Cavalcanti escreveu um artigo sobre o Parangolé e seu autor.
Conta da artista Cinthia Mendonça no vimeo. Três vídeos mostram um pouco das experimentações realizadas por ela e amigos.