A bola da vez

Publicado junho 21, 2010 por intermedia
Categorias: Uncategorized

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A Copa do Mundo de futebol é um grande evento e, de quatro em quatro anos, centraliza as atenções em torno de um objeto: a bola! Castanhas, brancas, laranjas e até amarelas, elas desfilaram ao longo de 18 Copas esbanjando estilo. As grandes estrelas não passam despercebidas com seus modelos cada vez mais curiosos. As mais antigas eram feitas de material duro e pesado, mas apresentavam costura fraca e até chegavam a rasgar no meio dos jogos. Para a Copa do Mundo 2010, a bola passou por grandes mudanças. Pesando aproximadamente 440 gramas, com 69 centímetros de circunferência, ela agora tem oito gomos e é alvo de muitas controvérsias. A África do Sul apresenta, neste mundial, a Jabulani.

• Diferencial tecnológico

Desenvolvida na Universidade de Loughborough, na Inglaterra, ela é confeccionada com poliuretano termoplástico (TPU), um material forte e leve, que possibilita uma combinação de resistência e flexibilidade. O novo design é constituído de oito gomos tridimensionais, moldes esféricos que dão à bola um formato perfeitamente cilíndrico. Além disso, em lugar dos catorze da bola da última Copa, os oito gomos da Jabulani possibilitam a redução das fendas. As porções esféricas são unidas termicamente, dispensando a costura – mesmo interna.

Um novo método também garantiu à superfície de sulcos uma textura que, segundo os criadores, assegura maior aderência, melhor domínio e trajetória estável no ar. Isso se deve às ranhuras integradas em círculos, as quais contornam toda a superfície da bola. A tecnologia desenvolvida para aperfeiçoar a aerodinâmica foi denominada de GripnGroove.

Durante quatro anos, a partir da Copa de 2006, a Jabulani foi submetida a testes e aprimorada. As primeiras experiências ocorreram com robôs, que reproduziram faltas, passes, lançamentos e até cobranças de tiro de meta. Um túnel de vento também foi utilizado para desenhar a bola e garantir sua aerodinâmica. Além disso, antes de ser colocada no mercado, ela foi testada por dezenas de jogadores e atletas. Os resultados, de acordo com os pesquisadores da universidade britânica, mostraram que a bola percorria o ar de forma mais consistente e previsível.

• Enxurrada de críticas

O nome Jabulani significa “celebração” ou ainda, dependendo de onde for obtida a informação, quer dizer “levando a alegria para todos”. Mas não é isso que alegam os jogadores. Eles levam a discussão para os campos e atacam o novo produto. Para muitos dos insatisfeitos, o problema é que a bola não pára no pé do jogador e não toma a trajetória correta na hora do chute ou do cabeceio. De acordo com eles, sua excessiva leveza tornaria o trajeto irregular e dificultaria o controle.

A polêmica vai dos gramados aos grandes laboratórios do mundo. A conclusão de um estudo científico australiano confirma a suspeita de muitos jogadores. A pesquisa da Universidade de Adelaide, desenvolvida por Derek Leinweber, diz que a Jabulani é efetivamente mais rápida e difícil de controlar. De acordo com o diretor do  Departamento de Física e Química da Universidade, ela é capaz de sustentar o vôo por mais tempo em altas velocidades, mas, ao final da trajetória, a curvatura é maior do que de suas antecessoras, o que pode surpreender os goleiros preparados para receber a bola em determinado canto do gol. Contudo, ao ser questionado se essas condições poderiam influenciar o resultado de uma partida, o pesquisador diz estar incerto, mas acredita que não.

O Departamento de Tecnologia do Esporte na Universidade de Loughborough contra-ataca. O cientista Andy Harland defende sua criação e explica que essa reação negativa, em grande parte, se deve às diferenças de altitude. Para ele, a Jabulani, que está no mercado desde o final do ano passado, havia recebido poucas críticas até então. O que ocorre é que agora os jogadores estão treinando na África do Sul, nos campos onde as seleções atuarão, os quais estão localizados em elevadas altitudes. O resultado é que, nessas alturas, a bola é mesmo mais rápida. Mas, segundo Andy, esse não é um problema da Jabulani, qualquer bola tem um comportamento similar.

• Os efeitos de tanta repercussão

Diante de tanto debate, não poderiam deixar de ser observados os reflexos na venda dos exemplares da tão falada Jabulani, ora bolas. Leonardo Pereira Ribeiro, que trabalha em uma rede de lojas de artigos esportivos, conta que, para persuadir o seu cliente, ele relata as novidades tecnológicas do produto, mas isso nem sempre funciona: “Alguns se convencem, outros não. Eu acho que os comentários negativos dos jogadores na mídia acabaram influenciando as pessoas, tanto é que poucas manifestam interesse pela bola da Copa. Elas preferem outros modelos”. O vendedor afirma ainda que grande parte do público que procura a Jabulani têm sido as crianças, que, possivelmente, foram menos influenciadas pela repercussão dos depoimentos nos meios de comunicação.

Leonardo diz que o nível de insatisfação de compra da Jabulani é grande: “Quatro em cada dez clientes retornam à loja para trocar o produto”. Um importante fator que também influencia nas vendas é o preço. A réplica custa R$ 49,90, ao passo que o modelo genuíno chega a R$ 399,00. O preço elevado faz com que a bola original tenha pouca saída. Na loja em que trabalha Leonardo, por exemplo, não foi vendido nenhum exemplar.

• E o que diz a população?

A Jabulani está no centro de muitas discussões e comentários. No site de relacionamentos Orkut, são mais de mil resultados de busca para “Jabulani” e 243 comunidades relacionadas ao assunto. Dentre elas, a maior, que possui 19.232 membros, é denominada “Jabulani – A bola Sobrenatural”. Nesta, em especial, é curioso perceber como a maioria dos participantes aprova o produto, diferentemente do que tem ocorrido entre os jogadores. Assim como boa parte daqueles que estão na comunidade, Klaus Willians Conte, estudante que adquiriu uma  réplica da bola da Copa, a aprova: “A bola é excelente. Pra mim, que sou quem faz os lançamentos e passes mais compridos, é perfeita. Talvez os goleiros e os centroavantes, que tem que fazer pivô, não gostem tanto”. O estudante afirma que ela é muito rápida e oscila mais que as outras nos chutes mais fortes. E acrescenta: “Deve ter sim alguma influência aerodinâmica, porque até o garoto mais magrinho, sacaneado pelo chute fraco, conseguia botar uma certa força na bola”.

A polêmica dividiu opiniões entre os amantes da bola de todo o mundo. Há aqueles que a desejam, outros a odeiam. Há ainda quem a culpe pela falta de gols ou, ao contrário, quem acredite que atribuir culpa à bola é somente uma desculpa para a falta de habilidade dos jogadores. Alguns, indecisos, ainda não sabem dizer ao certo: Será que a culpa é da Jabulani? O fato é que, bem ou mal, falam dela. Jabulani é a bola da vez.


Lado A_Lado B

Publicado dezembro 4, 2009 por intermedia
Categorias: Experiências

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Qual a primeira coisa que vem à cabeça quando nos deparamos com imagens que permeiam o nosso cotidiano? Essa curiosidade foi a grande fomentadora da experimentação ladoA ladoB, realizada pelo blog intermedia. Com a webcam de dois notebooks, filmamos a reação de várias pessoas ao mesmo conjunto de imagens. E o mais inusitado: nenhum dos participantes sabia que estava sendo filmado.

LaboA LadoB : o sujeito e as coisas do mundo. Eis uma falsa dicotomia. As coisas só existem e são dotadas de significado a partir de sua apreensão pelo sujeito. Ou melhor, a partir dos sujeitos em interação. Quem falou isso foi G. H. Mead entre as décadas de 1920 e 1930, na Escola de Chicago. O sociólogo pragmático foi um dos principais inspiradores do chamado Interacionismo Simbólico, corrente teórica que pensa a sociedade enquanto constituída por indivíduos em constante troca comunicativa mediada pela linguagem. Essa permuta é o que dota de significado os objetos que nos rodeiam. Assim, um vaso sanitário somente carrega seu recorrente sentido de vaso sanitário a partir do momento em que isso é determinado socialmente. A semiótica – estudo dos signos desenvolvido por C. S. Peirce, outro estudioso e pragmático da Escola de Chicago – trata, dentre várias questões, da colagem arbitrária entre um significante (materialidade, como a imagem de um objeto) e um significado (o sentido específico desse objeto). Em si, as coisas não significam – não carregam uma imanência de sentido.

É exatamente essa unidade social de significância que dá coerência ao ladoA ladoB. Todas as imagens mostradas aos participantes tiveram, para eles, o mesmo significado fundamental. A imagem de uma cadeira vem, para todos, acompanhada do significado desse objeto. No entanto, o interessante é observar como, por meio de uma mesma base, cada pessoa fez uma conexão com outros significados.  Por vezes as mesmas relações foram estabelecidas, como no caso da imagem do leite sendo despejado num copo: as palavras “vaca” e “cálcio” foram recorrentes.  E houve momentos em que, surpreendentemente, as reações foram muito distintas. A figura do batom, por exemplo, levantou expressões como “batom, o vermelho do batom”, “nojo” e “avon”. A imagem do vaso sanitário, por sua vez, foi recepcionada com falas como “o trono” e “o descanso eterno”.

Acompanhando as palavras dos participantes, as expressões faciais deixaram marcas das sensações que emergiam no momento do contato entre essas pessoas e as imagens exibidas na tela dos notebooks. A naturalidade das reações foi imprescindível para se pensar na espontaneidade das associações se sentidos que fazemos o tempo todo. Daí os “entrevistados” não terem sido alertados anteriormente sobre a filmagem. No caso de uma consciência por parte deles do registro audiovisual, a expressividade seria claramente outra: trata-se de criar expectativas acerca do que o outro – o espectador – vai pensar de mim – o filmado.

A experimentação ladoA ladoB, concretizada no vídeo produzido, gera diversas cogitações sobre a relação entre os indivíduos e as imagens que os circundam. No mais, o intermedia espera que a experiência de assistir ao vídeo tenha sido tão interessante quanto foi a de produzi-lo: uma combinação de empolgantes reflexões com, é claro, muitos risos.

Do orgânico ao cibernético

Publicado novembro 25, 2009 por intermedia
Categorias: Arte.Mov, Performance

Projeto Corpo Zona de Invenção integra percepções fisiológicas e corporais a formas de registro em áudio visual, celular ou câmera digital compacta são os instrumentos técnicos. “Tentando transmitir algo que a princípio é intrasmitível, que é a sua experiência pessoal, intransferível em relação ao espaço em que você vive…” Cinthia Mendonça.

Quem se coloca nesse desafio de experimentação é Cinthia Mendonça, com formação em artes cênicas e dança, inspirada por Hélio Oiticica. A artista desenvolve o projeto juntamente com Bruno Viana, no âmbito do Marginalia Lab, que funciona como um laboratório de incentivo e apoio a projetos experimentais relacionados com inovações tecnológicas e estéticas.

Um pouco sobre Hélio Oiticica

Não é inteligível falar sobre o Corpo Zona de Invenção sem nos referirmos a Hélio Oiticica.  Ele foi um artista plástico inovador e revolucionário para sua época e possivelmente até para os dias atuais. Seus trabalhos artísticos foram feitos entre as décadas de 1960 e 70. Os penetráveis e parangolés são expressões de sua criação e experimentação descontraída, perecível, intensa. Ele merece uma matéria completa, mas por hora ficam umas indicações de leitura sobre o artista.

FAVARETTO, Celso. A Invenção de Hélio Oiticica. São Paulo: EDUSP, 1992.

CATÁLOGO: Hélio Oiticica. Centro de Arte Hélio Oiticia. Rio de Janeiro; Galerie nationele du Jeu de Paume, Paris.

OITICICA, Hélio Oiticia & CLARCK, Lygia. Cartas: 1964-74. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1898.

OITICICA, Hélio. Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.

JUSTINO, José Maria. Seja Marginal, Seja Herói: modernidade e pós-modernidade em Hélio Oiticia. Curitiba: Ed. da UFPR, 1998.. Rio de Janeiro: relume-Dumará, 1996.

SALOMÃO, Wally. Hélio Oiticia: qual é o parangolé

Abstrações

A proposta com a qual Cinthia trabalha pode parecer muito abstrata em um primeiro contato. Ela é orientada pela antiarte, despreocupação para com padrões estéticos e valorização do expoente criativo de cada ser. O rompimento com formatações intelectuais e vivencia de novas experiências são propostas desses artistas, que valorizam a ação e o sujeito criativo.

A posição de espectador passivo, mero consumidor, não faz sentido nesse pensamento artísitco-cotidiano, que foi corajosamente defendido por Oiticica. O público é visto como criador. Nas palavras de Oiticica: , “o objetivo é dar ao público a chance de deixar de ser público espectador, de fora, para participante na atividade criadora“.

Parangolé-olho

Existem várias formas de materializar essas abstrações, a escolhida no Projeto Corpo Zona de Invenção é o parangolé-olho. Filho do samba e da genialidade de Oiticica o paragngolé pode ser entendido como uma experiência artística na qual o corpo é parte da obra e não um mero abrigo. Ele é uma espécie de apropriação da idéia original do Parangolé de Oiticica. Mantém-se o corpo como parte componente da obra e, simultaneamente, abre-se a novidades experiênciais e aos meios alternativos de produção de conteúdo informativo e de entretenimento.

É assim que a arte se preserva dinâmica com novas vozes e desafios. A interligação entre o orgânico e o cibernético é progressiva. A provocação é lançada e cada um experimenta essa sensação intransmitível de que fala Cinthia no início desse texto.

Links interessantes:

http://www.marginaliaproject.com/lab/

Site oficial do projeto Marginalia Lab. O site traz informações sobre os projetos experimentais que desenvolve, eventos, workshops.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/helio-oiticia/helio-oiticia-1.php

Portal São Francisco. O site traz diversas biografias, dentre elas a de Hélio Oiticica.

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=856

O colunista Jardel Dias Cavalcanti escreveu um artigo sobre o Parangolé e seu autor.

http://www.vimeo.com/6756514

Conta da artista Cinthia Mendonça no vimeo. Três vídeos mostram um pouco das experimentações realizadas por ela e amigos.

Arte.mov – Mostra Competitiva e a produção com mídias móveis

Publicado novembro 25, 2009 por intermedia
Categorias: Arte.Mov

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Uma câmera (ou celular , handycam, notebook, palmtop…) na mão e uma (ótima) ideia na cabeça

Dziga Vertov ficaria feliz diante das múltiplas possibilidades de “ver” o mundo oferecidas pelas mídias móveis. A mobilidade permite a produção em qualquer hora e lugar. Sendo assim, é possível captar o instantâneo e o efêmero; congelar cenas que jamais se repetiriam – e que dificilmente esperariam você montar todo o aparato tradicional de filmagem.

Além disso, as mídias móveis consentem um processo criativo espontâneo e experimental. A facilidade de gravação permite colocar em prática, rapidamente, todas as suas idéias – por mais exóticas ou toscas que sejam. Quem sabe desse processo não nasça um bom vídeo?

Provavelmente muitos dos 47 vídeos classificados para a Mostra Competitiva do 4° Arte.mov surgiram de experimentações aparentemente descabidas, mas que depois revelaram-se ótimos trabalhos (inclusive ricos técnica e plasticamente).

Espelho do cenário audiovisual brasileiro, a mostra competitiva contou com vídeos de diversos formatos, desde os que exploram o humor, como Confusão dos Infernos até os que primam pela estética, como o grande vencedor Following the light.

Diante da grande variedade formatos, temas e até mesmo de perfis das pessoas inscritas na competição, é possível pensar que as mídias móveis trazem mais um benefício. Esse seria a abertura do “mundo” da produção audiovisual, que aos poucos deixa de ser um clube fechado, já que o domínio das técnicas e a possessão dos meios audiovisuais tornam-se cada dia menos restritos à “burguesia”. E o Arte.mov mostrou-se receptivo a essa tendência. Muitos dos vídeos da Mostra Competitiva foram produzidos por iniciantes nas artes visuais, que se valeram das facilidades trazidas pelas mídias móveis para concretizar as (ótimas) idéias que tinham na cabeça.

E bons trabalhos, como o Projeção de Bolso – que recebeu menção honrosa-, são frutos de experimentações feitas por “principiantes”. Confira abaixo a entrevista com Laura Daviña e Roberta Guedes (diretoras desse audiovisual) e conheça o processo de produção do vídeo.

A Stereoscopic Show

Publicado novembro 25, 2009 por intermedia
Categorias: Arte.Mov

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Quem esteve presente na penúltima noite do 4°Arte.mov pôde conferir um show estereoscópico  da banda francesa retro-futurista Principles of Geometry, em colaboração com o selo visual AntiVJ. Ok, eu sei que é muita informação para ser absorvida. Não sei vocês, mas quando ouvi falar do show, logo pensei : “nuhh, deve ser muito doido”. Mas minhas considerações pararam por ai, afinal, não entendia bulhufas o que seria uma banda retro-futurista e pouco conhecia sobre selos visuais e estereoscopia. Diante de tantos nomes e termos, nada melhor que recorrer ao querido Google. E depois de um pesquisa básica, posso compartilhar com vocês minhas descobertas.

Para mim, o retro-futurismo se limitava ao retorno atual dos elementos visuais criados entre as décadas de 1920 e 1960, que faziam alusão ao cibernético futuro que nos aguardava – permeado por naves espaciais, robôs e coisas platinadas. Entretanto, a música retro-futurista agrega outros elementos de meados do século XX: no caso de Principles of Geometry, ocorre a apropriação da estética sonora-eletrônica dos anos 70 (cheia de sintetizadores) e de trilhas cinematográficas para gerar uma sonoridade “futurista”. O resultado é uma música eletrônica que alterna timbres, entre o “épico e o lânguido”.  

Essa jornada futurista criada pela banda casa perfeitamente com as projeções estereoscópicas feitas pelos AntiVJ.  O selo, criado em 2006,  trabalha com projeções de luz e holográficas nos mais variados substratos: desde construções poligonais até fachadas de prédios e catedrais.O mais novo projeto dos AntiVJ são as projeções estereoscópicas. A estereoscopia é um fenômeno natural, que ocorre quando vemos duas imagens em ângulos ligeiramente diferentes, que se sobrepõem e geram uma profundidade – sensação de uma visão 3D.  Após anos de pesquisa, os AntiVJ desenvolveram uma série de ferramentas para controlar, ao vivo, um conteúdo estereoscópico. E o resultado pode ser conferido no Stereoscopic Show. Equipado com óculos especiais, o público interage com as imagens que saltam da tela e entra em sincronia com a batida reverberante produzida pelo Principles of Geometry. 

Para quem perdeu, o vídeo abaixo traz alguns momentos do show, além de apresentar algumas percepções da plateia. Mas fica o aviso: essa incrível performance é uma experiência sensorial e só o corpo e olhos humanos são capazes de senti-la plenamente.           

                                                                                                                                                                                                                    – Bruna Acácio

Para conferir mais sobre o Stereoscopic Show:

http://www.myspace.com/principlesofgeometry– “site oficial”  – myspace – da banda Principles of Geometry, onde você pode escutar as músicas da dupla e interagir com os caras – porque eles respondem aos comentários.

http://blog.antivj.com/ – Blog do AntiVJ – Conheça os projetos e até a agenda de shows do  selo visual.

www.artemov.net  – Site oficial do Arte.mov, que traz mais informações sobre a performance que aconteceu em Belo Horizonte.

Consumo

Publicado novembro 25, 2009 por intermedia
Categorias: Cotidiano

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Entram dias, passam semanas. E a vida continua tal qual é: apressada, tencionada por tarefas e marcada também por esparsos momentos de lazer, descanso. Está certo, o tempo não pára. Por entre as experiências do cotidiano, muitos indivíduos parecem funcionar no modo automático, inconscientemente perpetuando rotinas. Mas, afinal, qual problema há nisso?

Ao transitar superficialmente pela vida, as pessoas deixam de lado os sentimentos e mesmo as reflexões sobre o mundo e a si mesmas. Dar um off no modo automático significa atentar, principalmente, para os valores difundidos em sociedade e para os comportamentos legitimados por tais valores. E uma das práticas consideradas mais naturais hoje é a compra.

Rappers norte-americanos: ostentação de fortunas.

Pagar para adquirir, para tomar posse de uma coisa. Mais do que isso, o comprar tem ligação intrínseca com o status social. O sujeito que tem muito dinheiro é vangloriado socialmente pela ostentação das suas compras. Um exemplo bem expressivo disso é o conjunto de produções do atual hip hop norte-americano. Os rappers – sempre usando jóias, relógios, roupas e calçados caríssimos – dirigem carrões e fazem questão de cantar as suas fortunas. Ricos e, consequentemente, rodeados de mulheres. A posse de bens desdobra-se em poder sexual.

Carrie. A protagonista de "Sex in the City" e suas inseparáveis compras.

Não só nos clipes musicais é possível se observar essa exaltação do consumo. Algumas atrações televisivas como o famoso seriado Sex in the City (http://www.hbo.com/city/), tratam da temática de maneira leve e despretensiosa. Comprar é chic, relaxante e ainda auxilia na produção do belo. O ato de comprar é prazeroso justamente porque resulta em status e, além disso, satisfaz momentaneamente carências, como fica claro nos episódios do seriado. Terminou com o namorado? Compras. Quer “arrasar” naquela festa? Compras. Está entediada? Compras.

Mas quais valores embasam esse culto ao consumo? É fato que o liberalismo conectado ao modelo capitalista é, em última instância, o elemento que fomenta a valorização do prazer individual. Para além da diabolização do “sistema”, é interessante olhar para as vivências diárias e problematizar mesmo os comportamentos mais espontâneos. Como ir ao shopping. Um ambiente comercial e estritamente de entretenimento pode revelar muitas facetas desse consumismo impregnado no dia-a-dia.(http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=113941)

O vídeo a seguir trata disso.

“Melódica e Poética”

Publicado novembro 12, 2009 por intermedia
Categorias: Eletronika, música

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Midani

Midani no Eletronika: palavras nostálgicas sobre a música

Essas são as características essenciais de uma boa música, de acordo com André  Midani, um dos nomes mais importantes da indústria fonográfica brasileira dos anos 60 aos 90. Midani participou do festival Eletronika, onde realizou uma palestra sobre a história da música e suas perspectivas para o futuro.

A música sempre foi fonte de inspiração para idéias e comportamentos. Ao longo da História as canções embalaram várias lutas. Seja nos acordes psicodélicos do movimento hippie ou nas letras de protesto contra a ditadura militar brasileira, é fácil perceber o quanto a música é influente na vida humana. E, hoje mais claramente, no cotidiano dos jovens.

Foi pensando nisso que o intermedia levou a questão tratada por André Midani no Eletronika para alguns desses jovens: o que uma música deve ter para te agradar? E sim, as respostas foram variadas.

A vestibulanda Camila foi categórica: “A música não precisa ter nenhuma característica própria para me agradar”. Segundo ela, todos os estilos são interessantes. Já David, que cursa Filosofia na UFMG, foi rápido e disse a primeira coisa que veio à cabeça, uma resposta bem filosófica: “Não sei resposter a essa pergunta”.

Mas alguns dos entrevistados toparam responder à nossa instigante questão. Foi o caso de Thalita, aluna de Psicologia da UFMG. “O ritmo, no final das contas, é o que toca mais na gente”, afirmou ela.  Dos entrevistados que apontaram características da boa música, Thalita foi a única que deixou de lado o quesito da letra. Janaína, estudante de Ciências Biológicas da federal compactuou, de certa forma, com o que Midani disse no Eletronika. “É preciso uma combinação entre letra e melodia”.  Henrique, aluno de Ciências Sociais da PUC, tirou o fone de mp3 do ouvido para poder responder à nossa entrevista. E sua colocação foi além da típica tensão entre letra e melodia: “ A música deve ser harmoniosa, produto de um sentimento do compositor. Ela também tem que ‘bater’ no ouvinte,  representar algo para ele”.

Para consumir música, muitos jovens já não se prendem ao velho CD. A internet é hoje uma grande disponibilizadora de produtos musicais. O youtube, então, dispensa comentários.

Eletronika: 10 anos agitando o cenário artístico de BH

Publicado novembro 12, 2009 por intermedia
Categorias: Eletronika

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palco

Luz, luz... testanto, testando

Quem não foi à décima edição Eletronika, nesse último final de semana, perdeu a oportunidade de conferir o importante festival brasileiro de novas tendências musicais e audiovisuais. Desde 1999, o Eletronika abre espaço para reflexões sobre a temática das artes e tecnologias.

Não só isso. O festival engloba novos artistas, que muitas vezes   acabam ganhando destaque nacional e internacional. É o caso do estilista Ronaldo Fraga e do famoso DJ Malboro. Para abrigar tudo isso, o evento prima pela revitalização arquitetônica de Belo Horizonte.

Neste ano, além de debates com grandes personalidades do mercado fonográfico brasileiro e internacional, como André Midani e Laurent Laffargue, o Eletronika contou com workshops de vídeo e áudio e sessões de documentários relacionados à música. E, é claro, muitos shows.

Dezoito bandas nacionais e internacionais marcaram presença no Estação 104, A Obra, Velvet e Deputamadre.  Black Drawing Chalks, a famosa e até então inativa banda belorizontina Virna Lisi, o projet o louge Yubaba, Chucrobillyman, Garotas Suecas, Copacabana Club, a brasileira-estadunidense N.A.S.A, os franceses Rubin Steiner e Anoraak são apenas alguns dos grandes nomes que passarampela última edição do festival .  Quem fala melhor sobre o Eletronika é um de seus idealizadores, Aluizer Malab, entrevistado pelo intermedia.

Confira o áudio da entrevista 

Entrevista Aluizer Malab